A seca amarga do Rio Doce
- Julia Denadai
- 20 de nov. de 2015
- 3 min de leitura
Quando ficamos sem água na caixa d’água por um único dia, qual é a sensação? De desconforto? De que alguém não esta fazendo seu trabalho correto? Ou você tem a consciência de que a água é um bem comum, natural e de responsabilidade de todos nós?
A preocupação é de todos, a responsabilidade é nossa! Todo tipo de informação é passada, os órgãos públicos, a mídia, as escolas estão sempre alertando as pessoas sobre economizar água, não desperdiça-la, são passados dados e estimativas sobre a falta de água diariamente e ainda vemos pessoas lavando a calçadas ao invés de simplesmente varrer.

A situação do Rio Doce é alarmante por causa da seca, o volume de água diminuiu tanto que até a foz do rio mudou de lugar. O nível do rio está tão baixo que é possível ver pedras e vegetação que antes ficavam submersas.
Na cidade o rio já não nos saúda com aquela forte correnteza , os moradores ribeirinhos que por muitas vezes sofreram pelas enchentes que destruíram os seus lares, hoje lastimam por não verem se quer a sombra do que já foi o rio.
A professora Maristanea Amaral lastima o dilema que tem vivido por ter que diversas vezes sair de casa e recorrer à casa de parentes para tomar banho ao menos por dia junto com sua filha pequena. Lavar as roupas que era atividade corriqueira passou a ser feita periodicamente.
“Já estava virando rotina ir pra casa da minha mãe e da minha sogra pra conseguir ter o mínimo de higiene e sanar as necessidades básicas, porque não tem coisa pior do que ficar sem água em casa“ desabafa.
No bairro Nossa Senhora das Graças a falta de água foi desoladora para os moradores que há tanto moram neste local. Nunca antes viram situação tão difícil como a dos dias atuais. Além da falta eventual da água, quando ela chega nas moradias, a pressão é tão baixa que não atinge os reservatórios superiores.
Carlos Roberto Tavares, morador e síndico de um prédio da Rua São José, decidiu tomar medidas prévias para garantir o conforto de sua família e dos inquilinos comprando uma bomba para levar água da rua para abastecer as caixas d’água. Ele conta que por morar em um prédio a falta de água durante o período de seca causava dor de cabeça .“Mediante as dificuldades vividas nos dias em que a água chegava com pouca pressão, tive que construir um reservatório na parte térrea e bombear a água para as caixas d’água na parte superior do prédio. Antes do procedimento convivia com o desconforto de não ter água nos chuveiros, nas pias, porque todos os moradores do prédio estavam se sentindo prejudicados com a falta de água”. Conta.
Na mesma rua, Lia Vieira, moradora há 64 anos lastima a situação vivida. Conta que e, todos esses anos de vida nunca tinha presenciado uma situação tão desgastante e preocupante. “ Nasci nesta rua, nesta cidade e jamais esperava passar momentos tão desagradáveis por falta de um bem tão precioso. Tento de alguma forma colaborar, evitando desperdícios
durante o dia-a-dia em casa, nas atividades domésticas. A água que lavo as vasilhas eu coloco em um balde e a reutilizo para limpar casa, molhar as plantas e também diminuí o numero de descargas dada nos banheiros, espero acumular para depois efetiva-la. Sinto falta das medidas das autoridades, acredito que se não forem tomadas providencias, logo mais não teremos mais água ” relata.
A rotina da cabeleireira Viviane Karla também não tem sido fácil, chegou a perder o equivalente a um salário mínimo em menos de uma semana por não poder atender as clientes por falta de água. “Há oito anos vivo nesta rua e nunca vi algo parecido. Foram mais de 15 dias sem água. Eu, minhas filhas adolescentes, meu marido sofremos
demais nestes dias em que não tivemos abastecimento, pareciam eternos. Não poder fazer o básico, dentro de casa é a pior coisa que tem.” Conta.
A situação de estiagem na cidade acendeu um alerta de racionamento na população, que consciente do problema tem tomados precauções. Muitas pessoas estão evitado o desperdício de água, como lavar carro, ficar com a torneira muito tempo aberta, o chuveiro passa mais tempo desligado.
A esperança é que os problemas sejam sanados e que daqui há 10, 20 anos nossos filhos e netos desfrutem de algo que hoje, já nos é regrado. Mas que o amanhã seja molhado e farto.
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