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Mau cheiro traz incômodo

  • Fábio Eustáquio
  • 12 de nov. de 2015
  • 3 min de leitura

As consequências do vazamento da barragem de Mariana estão refletindo no Rio Doce. Lama com rejeitos e dejetos que se misturaram nas águas do rio, além de deixar a água imprópria para o consumo, traz um cheiro forte e incômodo para a população ribeirinha. Alguns moradores foram ouvidos sobre a situação do mal cheiro do rio, e todos foram unânimes em dizer que nem na épocas das enchentes, o odor chegou a tal ponto como está hoje.


Moradora da avenida Rio Doce no bairro São Pedro há 33 anos, Maria Celeste revela os transtornos devido ao mal cheiro do rio. “Infesta a casa da gente com mau cheiro, as crianças e netos quando vem reclama do cheiro, traz mal estar, “embrulha” o estômago. É a primeira vez que esse cheiro está desse jeito, nem nas enchentes isso aconteceu. Isso é um problema, pois a gente não sabe o que será do futuro, a gente fica com medo dessa situação não resolver tão fácil e as autoridades não encararem com a gravidade como deve ser encarado o problema”.


Ainda na Avenida Rio Doce, residindo há 48 anos na mesma casa, Geralda Aparecida também sofre as consequências do cheiro forte que vem do rio. “Acorda de manhã e a primeira coisa que a gente recebe é esse mal cheiro, nem na época de enchente, onde entrou água em casa, o mal cheiro chegou a esse nível. Aparecem a dor de cabeça, enjoo, vômito, até as crianças estão sendo incomodadas com o mal cheiro. É um sentimento muito doloroso, nunca tivemos um tipo de água que está hoje, bem pior que na época das enchentes. A enchente descia e dava pra lavar as casas, mas agora essa água ali não dá nem pra entrar lá dentro, pois a lama tem ficado pra trás e cada vez que vai esvaziando, mais fedendo fica”.


No bairro São Paulo a situação não é diferente. Há 25 anos residindo na Avenida Rio Doce, Luhane Cristina descreve o sentimento atual. “É um sentimento muito triste de ver os peixes morrendo, além das dores de cabeça, mal estar que aparecem na gente. Realmente esse cheiro está prejudicando demais”.


Já Anísio Costa, morador da rua Jornalista Antor Santana há 49 anos, conta sobre a situação caótica. “É um sentimento de revolta, de abandono, aqui você não consegue fazer nada direito com esse calor junto com o cheiro insuportável, está bem difícil. Eu moro aqui há 49 anos e nunca senti um cheiro tão horrível como esse. Eu vejo muita gente reclamando que está perdendo apetite, dor de cabeça, enfim está horrível a situação e parece que vai piorar”.


O biólogo e analista ambiental, Philipe Zan, explica o motivo do mal cheiro do rio. “Toda barragem de rejeitos é composta de material e produtos químicos usados na lavagem do mineral extraído, que em contato com o rio, gera uma alteração na composição da água do rio. Isso gerou a mortandade dos peixes por onde esse material passou, alterando a oxigenação, turbidez e composição química natural da água. No entanto, como ainda é presente todo esse material tóxico nas águas do rio, ainda podem surgir mais peixes mortos. Em decorrência disso, o mal cheiro por matéria orgânica em decomposição será elevada. Além disso existe o mal cheiro do próprio rejeito despejado no rio, como dito, rico em metais pesados e produtos químicos”.


Philipe Zan ainda deixa um alerta. “É importante lembrar a população sobre o risco de contaminação pelo consumo não só da água como também dos peixes, infelizmente “bombardeados” com esses metais pesados e produtos químicos presentes na lama”, finalizou.



Peixes mortos trazem mau cheiro



Foto: Antônio Cota



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