Resgate e autonomia

O ato pelo Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua realizado no dia 19 de agosto em Valadares, foi um evento promovido pela Secretaria Municipal de Assistência Social em parceria com o Movimento População de Rua e com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer e Instituto Embeleze.

Para a coordenadora do Centro de Referência Especializado para a População de Rua (CREASPOP), Maria Gorette Coelho, muitas coisas do que se viu na praça são motivo de orgulho e alegria. “É o resultado do nosso trabalho há quatro anos. Os usuários do CRESASPOP tinham dificuldades de convivência entre eles quando começamos a atender. Hoje vemos como eles reaprenderam a conviver e os avanços que seguem a isso. Agora, eles sabem que têm direitos, buscam esses direitos, e têm no CREASPOP uma referência para buscar até mesmo emprego”.

Um exemplo de avanços e conquistas é o da assessora parlamentar, Rose Pires, 32. Depois de viver meses na rua, estava grávida quando conheçeu as equipes de trabalho do CREASPOP. “Me sentia segura durante os dias no CREASPOP e durante as noites no Abrigo Noturno. Para ser atendida tive que deixar o vício do crack e recebi, para isso, os encaminhamentos necessários na rede de saúde. Percebi que tudo o que eu desejava poderia ter conseguido antes...abandonei casa, filho, marido por nada”, relembra.

Neste período de atendimentos e tratamentos na rede de atenção básica, Rose aderiu a um dos 41 núcleos de sem casa do município, e por meio da política municipal de habitação, conquistou sua moradia no residencial Valadares. Para se manter, começou a trabalhar com limpeza no próprio CREASPOP e foi lá que agarrou a oportunidade do emprego no qual atua hoje. Rose tornou-se assessora parlamentar de um vereador do município e é feliz com a filha que nasceu quando ela ainda vivia os dramas e o preconceito social destinado a pessoas em situação de rua. Juntas, elas escrevem uma nova história.

Outra personagem que venceu barreiras é Lucimar Maria dos Santos, 30 anos. Para ela, a celebração do dia 19 de agosto é muito importante pelo que representa o episódio da Praça da Sé, em São Paulo, em 2004. Ela morou na rua por mais de dois anos, e hoje essa realidade ficou no passado. Mas isso, não é motivo para que ela abondone a luta de muitos amigos que ainda vivem nas ruas. Na rua, ela viveu situações que não deseja para ninguém: foi roubada, se envolveu em várias brigas por causa de comida e drogas. Hoje, ela também conta uma nova história, construída dia a dia no bairro Santa Helena, onde mora. Sem envolvimento com drogas, sem medos, mas jamais sem sonhos.

Secom/GV

Banda do 6ª Batalhão da Polícia Militar marcou presença no evento

Foto: Secom/GV

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